quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Da sensação de botar pra fora...

Botou tudo para fora. Era madrugada, havia assistido a um filme desses que tem uma mensagem tocante. Decidiu que, diferentemente do filme, não esperaria a última hora, que talvez fosse tardia, para dizer o que sentia, o que havia mudado, o que estava errado. Obviamente, seu ponto de vista sobre todas as coisas.


 Escreveu. Era melhor com as palavras escritas do que com as ditas, embora nunca tenha achado ter feito feio com as segundas. Mas, parece que sentia-se mais a vontade quando as letras faziam sentido, umas atrás das outras. Talvez porque no papel não havia interrupções, nem quem ou o que atrapalhasse a comunicação. Escreveu, hesitou mil vezes. Quis apagar, quis reescrever, quis desistir. Lembrou-se das cenas do filme, repensou o tempo que poderia não voltar e enviou.

Dormiu ansioso pela resposta. Na verdade, deitou-se temendo que não a tivesse pela manhã. Relutou em checar isso de cara ao acordar, mas era melhor fazê-lo logo. Se nada houvesse, já saberia. E surpreendeu-se.

Havia. E as primeiras três frases curtas que ali lia eram já suficientes. Mas tinha mais, muito mais. Pensara em porque não havia botado tudo pra fora antes, teria sofrido menos, teria se desgastado menos e se divertido mais. Parou. Questionou-se se toda essa euforia seria a mesma caso nada estive ali. Espantou os demônios todos a sua volta e abstraiu. Dane-se. O que valia era o agora, o escrito, o respondido, o correspondido.

Decidiu ser feliz.

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