domingo, 17 de maio de 2009

Comédias românticas explicam muito da vida

É fato!

O filme era uma comédia romântica. No começo bem mais comédido que romance, mas depois tudo se acertou. E do meio pro final, a parte que cabe a esse blog. A parte que fez pensar. Há muito tempo não "perdia" umas horinhas para assistir a um filme. Fez-lhe bem. Saiu do mundo, parou e pensou a vida passada e não a vida futura, como fazia sempre.

O filme era Jogo de Amor em Las Vegas, e em uma cena quase final, Jack (Ashton Kutcher) vira-se para Joy (Cameron Diaz) e diz: "Quando foi a última vez que se sentiu feliz?". Aquilo lhe falou firme. Seu pensamento lhe fez deixar de ler a legenda e pensar sobre isso. Quando teria se sentido feliz pela última vez?

Analisou. Reportou-se à ultima viagem que fizera. Tinha sido feliz. Divertira-se demais, fizera coisas maravilhosas, que lhe traziam saudades, que lhe marcara. Lembrou-se de que chorou em um determinado momento, e que essas lágrimas eram de despedida, mas era de felicidade, de agradecimento por uma viagem maravilhosa, talvez. Sentira naquele momento, abraçado a alguém, que ainda era capaz de surpreender a si mesmo. Jamais achou que aquelas lágrimas rolariam. E sentia cada vez mais que a carapaça em torno de si perdia espaço. Comemorou por dentro essa vitória. Mas como sempre, não falou a ninguém. Apenas quem o abraçado compartilhou o momento.

Olhando o filme, voltou a ter um desejo de viver um grande amor. Daqueles arrebatadores, de fazer viajar por horas, enfrentar e mover mundos e fundos para estar ao lado da pessoa amada. Queria sentir isso uma vez na vida. E depois das lágrimas, achava-se capaz. Seu coração ainda conseguia lhe despertar sensações que lhe faziam bem.

Mas o mesmo tempo que queria isso tudo, não gostaria de prender-se. Não gostaria de perder o que conquistara. E nesse instante do filme, Joy larga o emprego, uma promoção milionária, joga tudo pra algo e "vai ser feliz não fazendo nada ao invés de fazer algo de que não gosta". Há tempos tentava ter a mesma atitude. Deixar o emprego, deixar algumas coisas para traz e tentar outro mundo, outra área, outro caminho. Mas tinha medo. Ouviu de um amigo há pouco que era forte e tinha pensamentos a frente para muitas coisas, quase tudo, mas na hora que as resoluções chegavam ao campo profissional, titubeava, e temia um passo adiante.

Ficou sem respostas. O amigo tinha razão. Outro, que era mais que irmão, disse-lhe: "porque não te dedicas a fazer isso que te dá prazer? Te prepara com cursos, seja mais fod* do que já és. Vai fazer o que queres!". As palavras encorajaram. E se desencorajou ao pensar financeiramente. Mas havia se decidido, não se mataria mais. Continuaria sendo o bom profissional que sempre foi, ou que acreditava ser, mas que não viveria mais em função do emprego.

Seria feliz, teria vida. O filme ajudou a colocar-lhe ainda mais essas idéias na cabeça. Queria ter alguém que lhe interessasse passar dias e dias e dias incansáveis junto. Que lhe desse vontade de procurar por uma praia, um pôr-do-sol, uma viagem para rolar na neve, coisas simples, que quando lhe perguntassem "quando foi a última vez que se sentiu feliz?"pudesse responder sem pestanejar: "ontem!".

Não que fosse infeliz. Passava longe disso, se parasse bem para pensar, nem tinha tantos problemas, o mundo não lhe era um lugar de todo ruim. Conhecera ótimas pessoas nos últimos tempos, descartara e abrira os olhos pro que era ruim e do passado conservou o que era bom. E, sim, sobrara-lhe muita coisa de toda essa faxina na vida.

Agora era hora de buscar o novo. De viver uma comédia romântica... era hora de passar por isso na vida. Era hora de novamente derramar aquelas lágrimas de felicidade que cairam do nada e de repente. De repente a vida recomeçava ali.