Era um dia de cão. Não se sentia bem, não se animava pra nada. Havia começado tudo errado. O “bom dia” já não lhe agradara, porque de fato, de bom nada poderia haver após dormir naquela situação e acordar em outra parecida, quase idêntica.
Não era a primeira vez, não ia ser a última que passava por aquilo e o que mais lhe dava raiva era não se fazer entender. Não conseguir entender como as coisas mudavam da água para o vinho, principalmente para os outros. Ao invés de ligar o foda-se, resolveu compreender. Antes tivesse mandado tudo às favas. Seria menos doloroso, doeria menos na alma.
Conceitos, pudores, frescuras, bobagens e desculpas esfarradas. Eram demais para sua cabeça sagitariana, de certa forma livre de neuras e conservadorismo absurdos. O pior era ler as entrelinhas infundadas e sem provas. Linhas, entrelinhas, malditas formas geométricas. Tornavam-se curvas e embolavam-se nos pensamentos, deixando-os mais entre perdidos do que achados. Era de fato a seção errada.
Talvez tudo tivesse já começado errado em sua origem. Era inconcebível frear uma intimidade conquistada. Em seu mundo – nada fantástico, a seu ver – não era possível que uma liberdade permitida, gozada (diversas vezes e euforicamente), fosse agora jogada pela janela e tivesse que se contentar com apenas um não. Não! Não aceitava.
Mas tudo seria e será de acordo com o que convém. Como fez questão de deixar claro, infinitas e exaustivas vezes, seria como fosse da vontade alheia e não da sua. Não mais seria o mesmo, infelizmente. Não mais brincaria, não mais faria piadas. Que vivesse o mundo da forma como quisesse. Gostava de coisas palpáveis e seu mundo desse jeito iria funcionar. Seu foco agora seria no Eu.
Uma lágrima correu em seu rosto, lembro-o de que era humano. Apertou o x e fechou a janela como parte de um primeiro adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário