domingo, 12 de julho de 2009

Sobre as formas de se dizer que ama

I love you, je t'aime, eu te amo e tantos outros não dizem a mesma coisa

Ontem conversava com um amigo na net e diante de uma brincadeira, começamos e conversar sobre falar "eu te amo". Eu dizia que ele me amava, e ele escrevia "i love you". Começamos a discutir sobre as formas de se dizer a alguém que ama, seja amor de amigo, de irmão, de marido, de mulher, enfim, de um sentimento entre duas pessoas.

Cheguei à conclusão de que dizer "eu te amo", como todo mundo sabe, não é das coisas mais simples da vida. Quando ele me escreveu "I love you", fiz ele escrever em português. E foi ai que tudo começou. Porque dizer sobre tamanho sentimento na sua língua pátria é algo complexo. Parece que "eu te amo" diz mais que "i love you", e realmente diz.

Em português, aos falantes da língua, "eu te amo" soa mais verdadeiro do que um "i love you" ou que um "je t'aime". Soa mais profundo. Não quero dizer que ele me amava menos ou com menor intensidade ao escrever em inglês, mas o fato lhe tirava a responsabilidade sobre o que dizia. Comentei sobre essa minha visão da coisa com esse meu amigo. Ele não entendeu a complexidade. Ou melhor, acho que entendeu, mas se fez de desententido... ou sei lá, preferiu não achar que eu estava duvidando de seu sentimento e eu realmente não estava. Mas que tudo fazia sentido, fazia.

A partir daí, minha cabeça já toda ligada numa discussão interna sobre o caso, comecei a pensar ainda mais sobre. Como era dífícil para alguns dizer "eu te amo", como era difícil inclusive para mim. Eu disse isso ao vivo para no máximo cinco pessoas. Acho pouco. Queria poder dizer mais, mas não consigo. Acho que banaliza quando dito demais, ou então quando dito logo de começo, acho falso. Acho que tenho problemas com "eu te amo", hehe.

Voltando ao fato que deu início a esses pensamentos, tentei fazer meu amigo dizer que me amava em português. Ele não titubeou e nem enrolou, mas usou algo que mais uma vez me fez pensar. Realmente não era difícil só para mim, parecia ser geral. Eis que ele escreve "amo-te". Perai, cadê o sujeito da frase? Cadê o EU que seria a particula que deveria me fazer realmente acreditar que ele tava dizendo algo que vinha mesmo de dentro e com verdade? É, parecia um "tá bom eu te amo, mas tenho vergonha de dizer e contente-se com isso, que já me é complicado falar. Amo-te." Mas era pelo menos em português. E eu sabia que era real.

O fato é que realmente me parece mais simples e descompromissado um "i love you". Sei lá, me parece não carregar a mesma emoção, não parece esboçar verdadeiramente o sentimento. Posso olhar um estranho na rua e dizer "i love you". Mas jamais conseguirei dizer "eu te amo". Muito menos olhando nos olhos. Nunca. Acho que da mesma forma acontece com brigas. A força dos xingamentos não é a mesma. Brigar em inglês dá a impressão de que a gente sempre sai perdendo. No caso do "i love you", saímos os dois perdendo.

Na verdade, eu acabei ganhando, ganhando um "i love you", um "amo-te" e uma discussão sobre o tema. Há tempos não tinha me posto a pensar profundamente em algo. Eu que tenho problemas com amores, me pego pensando em formas de se dizer que ama. Talvez tenha me feito bem. Espero que sim. Acho que fez.

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