quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Era preciso, mas quem lhe convencia do fato?

Cansou-se de tudo e de todos
Resolveu que faria novos amigos, que buscaria novos amores. Viveria o novo, o inesperado, aquilo que julgasse interessantes e essencial.
Não era possível que apenas cinco ou seis pessoas no mundo pudessem lhe ver verdadeiramente a alma. O que acontecia com o mundo? As pessoas viam nele o reflexo de si mesmas. Chamavam-no de adjetivos que não cabia a ele e sim, eram elas em sua essência.
Mas estava errado. O correto era que se enxergassem nas pessoas aquilo que se quer que elas sejam e não o que somos e queremos esconder.
"O macaco fala do rabo do outro e enrola o dele e senta em cima". Era o ditado que sua avó tinha na ponta da língua, sempre pronta a ser lançado diante de tais situações.
Vovó é que era sábia. Sentia-lhe algo errado de longe. Pelo tom da voz ao telefone.
Os amigos de verdade, discutiam a situação, achavam que ele deveria esquecer, deixar pra lá, ignorar.
Ele argumentava que não era mais possível. Uma hora, tudo o que estava guardado iria tranbordar e faltava muito pouco.
Ouviu que em uma conversa de bar falavam sobre ele. E ai se encaixou perfeitamente o ditado dos macacos. Diziam que se doía demais com as coisas, que fazia tempestades em copo d'água. Irritou-se.
Como poderia alguém saber o que doía ou não dentro dele. E quem eh que sabe o quanto é demais quando se trata de sentimentos? Falavam dele as pessoas que mais máscaras perante os outros usavam. Talvez o amigo tivesse razão. Ignore!
O amigo lhe dizia que era carência. Ele tinha certeza de que não. QUem é que sente carente de alguém que lhe dá nos nervos ou que não lhe conhece mesmo após tantas demonstrações e tanto tempo? Precisava mesmo se afastar. O problema consistia em se convencer de que era o melhor a fazer.
Não afastar-se fisicamente apenas, até mesmo porque isso já era fato. Mas afastar-se de fazer notar sua ausência, de se delisgar, de não sentir falta, de querer deixar pra lá e passar a ser a relação ideal. Eu cuido da minha vida, vcs da sua. Essa era a melhor opção.
Conservaria os amigos que o entendiam, que lhe traziam paz, que lhe amavam. Esse é o sentimento. Descartaria os que apenas o achassem divertido, legal, chato, ou que apenas eram conhecidos de rua. Esses eram os que lhe incomodavam e a vida era mais que isso para lhe render rugas ao seu final por conta delas.
Havia tido dias felizes. Conseguiram lhe estragar a euforia. Dos dias felizes, queria todos - ou melhor, quase todos - para sempre perto de si. Esses dos bons dias sempre lhe renderam boas conversas, sempre souberam lhe animar, sempre lhe deram o merecido valor.
Os que levaram a sua euforia, que morressem, sumissem, tivessem o fim que tivessem. Era isso que desejava. viveu tantos anos sem eles, poderia voltar a viver muitos mais se não os tivesse de novo.
Quanto aos amores, era engraçado. Sempre com as pessoas erradas, sempre nas horas estranhas. Não sabia se era ele quem complicava demais, se as pessoas é que dificultavam tudo. O fato é que se entregava e não recebia o que esperava. Achou que 2009 seria um bom ano para isso. Passou a virada do ano vestindo uma cueca vermelha, diziam dar sorte no amor. Deu sorte apenas para a dona da loja onde comprou a peça.
Seria cauteloso ao conhecer novos possíveis amores. Deixaria de se encantar pelas primeiras impressões, pelas primeiras palavras e pelos gestos. Não pensaria em ter nada sério, a princípio. Só precisava saber como avisar isso a seu coração.
Odiava lembrar que sua vida era, e sempre foi, parecida com o poema Quadrilha, de Drummond. Um que amava o outro, que amava outro, que num tava nem ai... C'est la vie.
Um dia essa vida iria mudar. Tinha ainda um resto de fé.

2 comentários:

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  2. ainda fico perplexo quando vejo que eu não sinto sozinho as coisas do mundo.

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