quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

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Ato IV
Enfim, não teve a oportunidade de conversar pessoalmente. Parece que sentia que desejava lhe falar algo, que na verdade já sabia, mas não queria ovir de sua própria boca. Não lhe dava abertura de chegar e conversar. Preferia fingir que nada acontecia. Ele notava, mas também parecia que era melhor que ficasse com o segredo guardado para si. Talvez sofresse menos, talvez um dia o sentimento morresse, assim como conseguiu matar vários outros por tantas vezes.

Não foi seu o seu primeiro "Feliz Ano Novo". Parece inclusive que fizera de propósito, em ficar meio distante, perto das outras pessoas. Mas precisaria, hora ou outra, desejar-lhe as palavras. Foi o segundo "Feliz Ano Novo", Seguido de um rodopio durante o abraço, durante o qual lhe disse ao ouvido "Olha, quantos casais!". Aquilo lhe soou irônico, ainda porque ambos vestiam roupas íntimas vermelhas. E o ano novo parece que já não prometia bons romances.

Acabaram com se falar mais ou menos, no outro dia. Umas palavras jogadas, algumas insistências em assuntos passados, cada qual com seu conceito sobre "vazio", sobre paixões, sobre sentimentos que "naturalmente passam". E agora era meta fazê-lo passar, e correndo de preferência. O ano era muito recente para deixá-lo se estragar desde já.

Arrependeu-se - mas não muito - de ter tentado agradar fazendo o que não era da sua vontade. Arrependeu-se de ter tocado no assunto, de ter conversado, de inúmeras coisas que os apaixonados fazem. Aprendeu a gostar sem demonstrar. Achou que esse é o melhor caminho. Cortou sagitarianos da lista de relacionamentos - iludiu-se como se isso fosse possível, claro. Abortou as infantilidades, apartou de si as ilusões, afastou a esperança, que mesmo sendo a última, tinha que ser a primeira a morrer.

Prometeu a si mesmo que somente se entregaria de novo a desejos que lhe fossem correspondidos. Era complexo demais. Seu "sagitarianismo" acabava lhe fazendo mal no quesito amoroso. Queria mudar de signo, mudar de vida, de cidade, de ares. Mas de nada ia adiantar. Mas não mais tentaria nada. Não mais se esforçaria por nada. Apoiou-se na máxima adaptada: "quem perde é quem não me tem". Mas ainda não se sentia bem. Faltava-lhe a presença de alguns amigos fundamentais nessa hora. E todos viajavam.

Fim do quarto ato!

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